sábado, 1 de junho de 2013

Acerto crítico e número da sorte

Normalmente, entendemos o acerto crítico como o resultado máximo na rolagem de um dado. Com esse resultado, podemos adotar uma mecânica para recompensar isso:
  • Permitir uma rolagem adicional de dados, para somar o valor. Como opção, essa rolagem tenha a possibilidade de fazer um novo crítico e ganhar uma nova rolagem.
  • Ganhar um bônus no resultado. Pode ser somando um valor definido, ou então usando como base um valor da ficha do personagem.
Vou propor aqui uma segunda mecânica para acertos críticos. Talvez o acerto seja determinado, não por um valor máximo, mas por um valor individual do personagem. O personagem pode ter um número da sorte e, sempre que conseguir tal resultado, ele tem o acerto crítico e seus efeitos mecânicos. 
Esse número da sorte pode ser algo imutável, definido na criação do personagem ou pode ir mudando junto com a evolução do personagem. 

Digamos que usemos um dado de seis lados (1d6) em um sistema com evolução de atributos de 1 a 6. Um personagem com Força 2 que tirasse 2 no dado, teria aí um acerto crítico. Uns defenderão que esse acerto deva ser proporcional à evolução do personagem (como duplicar o resultado do dado no exemplo anterior, dando uma soma total de 2+2+2=6). Outros vão dizer que esse benefício deve extrapolar o nível do personagem, concedendo a ele efeitos mais poderosos do que teria de outra forma (o que pode ser um benefício na hora de lutar com seres muito poderosos, ou uma dor de cabeça pro mestre). Nesse caso, o resultado do acerto crítico deveria ser tão interessante para um personagem cujo número da sorte fosse 1 quanto para um que fosse 6. A rolagem de um dado extra pode conceder isso ou então a soma de um valor grande (maior ou igual ao resultado máximo do dado).

Em um sistema onde os valores do atributos são diferentes dos resultados dos dados, poderíamos associar valores de atributos com resultados do dado. Em um que use 1d6 e os valores dos atributos vão de 10 a 33, podemos determinar o número da sorte a cada três valores (10, 11 e 12 têm numero da sorte 1; seguindo por 13, 14 e 15 com sorte 2 e assim em diante). Podemos também embaralhar (10, sorte 1; 11, sorte 2; 12, sorte 3 e assim em diante, até chegar no valor máximo do dado e recomeçar a contagem), mas se isso será interessante, só o jogo poderá dizer.

Em sistemas onde usamos mais de um dado na rolagem, podemos definir que o acerto crítico virá da rolagem de um único dado (o primeiro dado, o último dado, um dado de cor diferente) ou de um resultado combinado entre todas as rolagens. No último caso, a probabilidade pode diminuir, mas podemos criar algumas mecânicas em cima disso. 
Talvez seja necessário que todos os resultados sejam iguais ao número da sorte. Muito difícil, logo o acerto crítico precisa ser bem recompensado.
Quem sabe a quantidade de dados com o resultado da sorte possa definir o tamanho do bônus. Em uma rolagem de 5d6, um personagem que tivesse 3 resultados com seu número da sorte poderia ter um bônus de crítico triplicado. Só não podemos triplicar aqui algo que já será usado em jogo, como no caso onde a força seria somada normalmente. Não a podemos triplicar, pois no caso de apenas um acerto crítico, não haveria bonificação em multiplicá-la x1. Para evitar isso, podemos considerar um bônus extra ou então a multiplicação da quantidade de resultados +1. Ou seja, com três rolagens de sorte, teríamos a tal força multiplicada x4.

Podemos ir mais longe e propor que valor da sorte seja a quantidade mínima de resultados iguais de um valor predefinido. Digamos que um personagem tenha 3 como seu numero de sorte e que o resultado do dado que conta aqui é o 1 (seria o mesmo para todos os jogadores). Caso esse personagem tenha 3 ou mais resultados iguais a 1, ele teria um acerto crítico. Do contrário, o 1 continuaria sendo um valor medíocre.

Outra mecânica de números da sorte é ela sendo definida pelos próprios dados. Em um sistema onde sempre temos rolagens da mesma quantidade (por exemplo, sempre 2d6 ou sempre 3d6), podemos imaginar que o acerto crítico viria de um resultado igual em todos os resultados (inerente ao valor do resultado). Assim, um resultado 2-2-2 concederia um crítico, da mesma forma que um 5-5-5 (se a bonificação de cada resultado seria igual ou se haveria uma progressão de bônus para cada valor, é outra discussão). Por exemplo, num sistema onde usamos dois dados, um resultado duplo (3-3, 1-1, 6-6) poderia, além da soma dos valores do dado, conceder um bônus extra de +10. Assim resultados das rolagens críticas iriam de 12 (1+1+10) a 22 (6+6+10). Nada mal para uma rolagem onde o valor máximo seria 12 (sem a mecânica. No caso de adotar a mecânica, o valor máximo sem crítico seria 6+5=11).

Ainda podemos ir além mais uma vez e definir o valor da sorte como o resultado de um dado (o primeiro dado lançado, o último ou então um de cor diferente). Assim, todos os dados cujo valores repetissem o valor do dado da sorte seriam considerados valores críticos. Imagine a emoção de jogar uma dúzia de dados, um a um, e saber que o valor do último diria o valor da sorte, podendo mudar todo o resultado da rolagem na última jogada. A título de exemplo, digamos que fossem rolados os valores 2, 3, 6, 2, 1 e, por último, outro 2. Assim teríamos três resultados 2 e poderíamos multiplicar algo x3 (um valor de atributo ou então o resultado do último dado). Nesse caso, podemos multiplicar sem medo, considerando que, no caso de nenhum número ser igual ao último dado, a multiplicação ser x1 (sendo esse 1 a contagem de um único resultado: o próprio dado da sorte).

Como última ideia, os acerto críticos poderiam ser limitados. Talvez, para ter direito a um crítico seja necessário gastar algum ponto de personagem, entrando aqui o conceito de administração de recursos (se não me engano, isso acontece no Mouse Guard RPG).
Também podemos imaginar uma opção com o valor da sorte como um limitador. Assim, por mais que um resultado crítico aparecesse, ele só seria contado até um máximo igual o valor da sorte. Nesse caso, quanto maior a sorte, melhor e funcionaria bem como um atributo (ou sub-atributo) a ser comprado e melhorado.

Enfim, acho que essa conversa pode ser explorada ainda mais, mas ficam aqui alguns conceitos e ideias a respeito disso. Agora ninguém mais pode reclamar de não ter uma mecânica diferenciada de acertos críticos em seu sistema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário